IELTS para imigração: decifre-o ou ele te devora

O título do post é só uma brincadeira, relativizando o IELTS com o mito da esfinge. Mas o que você precisa decifrar mesmo não é só o exame em si, mas o que ele pode representar em seus planos de imigração do Brasil.

O IELTS vai mais atrapalhar do que ajudar caso você não o considere como “um meio para um fim”, como disse a Giovanna do Casal Nerd no Canadá nos stories no Instagram. Foi isso que me levou à reflexão deste post, que eu estava querendo abordar desde um problema sério de saúde que tive (entenda neste post do Instagram do blog).

Eu estava, antes desse problema, levando o IELTS como um desafio pessoal, para provar aos outros e especialmente a mim mesma que eu alcançaria o CLB 9 – o famoso 8777, 8.0 em Listening e 7.0 no restante da prova. Que eu conseguiria sempre “na próxima prova” e seguiria meu caminho feliz e contente em direção ao Canadá.

É claro que, além disso, tem aquele outro pensamento inocente: “falta só meio ponto”; não considerando que meio ponto no IELTS pode significar um avanço grande no inglês em si. Então, fui tentando e tentando, estudando intensamente e fazendo aulas com profissionais (excelentes) diferentes, a Soraya Quirino e a própria Giovanna. Isso não está errado, não (inclusive é o que super recomendo), mas sim a forma como eu encarava a prova e o que ela representava para mim como pessoa orgulhosa que sou.

Já fiz o IELTS 7 vezes e consegui o CLB 9 ou maior em todos os módulos, mas em provas diferentes. Quando alcancei enfim o 7.0 e 7.5 em Speaking, meu Writing voltou aos 6.5. Na última vez, meu Writing ficou em 6.0 (mesmo com reavaliação, o EOR), logo antes da síndrome do coração que tive. As outras notas dessa prova: 7.0 (speaking), 8.5 (listening) e 9.0 (reading). É inexplicável. Deve ser o nervosismo na hora da prova, sei lá.

Só sei que eu já estava deixando de lado o pensamento de que o IELTS é uma forma de tentar a imigração diretamente do Brasil e que, se não desse certo, eu partiria para o plano B, college. Mas não. Surgiram pensamentos orgulhosos e de comparação, como: “tal pessoa conseguiu e eu também posso” ou “meu inglês é bom e eu sou capaz”.

Realmente se tornou algo pessoal, que estava ferindo meu orgulho. Até brinco que o plano Canadá começa a ferir nosso orgulho já do Brasil, no preparo!

Eu tenho muitos conselhos com meus “erros” nessa jornada, os quais prefiro encarar como aprendizados. Relacionados ao IELTS, ainda postarei no blog todos os pontos do preparo, o que fazer ou não. Mas meu conselho agora, pelo bem da sua saúde psicológica, é: seja realista e não acredite nessa história de “não desista” quando se fala do IELTS como meio de imigração.

Não desista do seu plano Canadá se é este o seu sonho, mas desista, sim, quando perceber que um “meio” como o IELTS está te impedindo de ir para lá ou te afetando fortemente de alguma forma. Só você saberá dizer quando desistir e, se fizer isso, está tudo bem! Ao menos você estará caminhando para o seu objetivo final. Sua saúde, mental e física, vale imensamente mais que o seu orgulho. (Faça o que eu falo e não o que faço! Ou fiz.)

Além de tudo isso, não sei se está claro para todo mundo que atingir o CLB 9 no IELTS é desafiador para a maioria das pessoas. Além de ele ser um exame maçante e, claro, caro! Que, muitas vezes, leva-se anos ou diversas provas para alcançar um nível alto como o CLB 9. E, também, que a pontuação do Express Entry está diretamente ligada às notas do IELTS e que, sem esse CLB tão desafiador, é muito difícil conseguir a imigração do Brasil.

Digo isso porque vejo muita gente perguntando em grupos ou falando comigo por mensagem algo do tipo: “Simulei no CRS do Express Entry e eu teria 450+ pontos”. Aí alguém pergunta (ou eu mesma) se a pessoa já fez o IELTS e… ela geralmente responde que não! Claramente, é uma pessoa que tem uma expectativa alta e pouco conhecimento da realidade do IELTS e do próprio Express Entry, com grandes chances de viver uma frustração gigante com o exame e até consigo mesma.

Então, estude muito, prepare-se e tente algumas vezes se preciso, sim. A maioria das pessoas não consegue o CLB 9 logo de cara, mas só após várias provas. Tem gente que consegue na primeira ou segunda vez, mas com certeza é minoria (e você não deve se comparar). Já falei com gente que fez o exame mais de 10 vezes antes de conseguir.

No entanto, entenda o seu limite com a prova e trace o plano B e até o C. Mais que isso, saiba “quando” partir para o próximo plano. Pode não ser fácil perceber esse quando porque o orgulho próprio dificulta esse discernimento.

Conscientize-se sobre a prova e principalmente sobre a sua realidade, para não criar expectativas equivocadas. Caso contrário, isso fará com que você se decepcione com a prova e até consigo mesmo (o que pode levar a ser “devorado” por esses sentimentos). Isso não é nada saudável e não há sentido um plano para o futuro se não houver saúde. Eu só entendi isso na pele.

(Aos curiosos de plantão: Quanto aos meus planos e IELTS, ainda não tenho definido o que fazer, pois estou focando em minha plena recuperação e na saúde física e mental. Penso em daqui um tempo fazer o IELTS Academic para partir, enfim, para o plano college. Enquanto esse plano college desenrola, vou tentando o General vez ou outra, sem muito compromisso ou neura.)